quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Abraços Partidos [2009]


(de Pedro Almodóvar. Los Abrazos Rotos, Espanha, 2009) Com Penélope Cruz, Lluís Homar, Blanca Portillo, José Luis Gómez, Rubén Ochandiano, Tamar Novas. Cotação: ****

Dividido entre a crítica, "Abraços Partidos" pode até não ter a agressividade, o bom humor, os absurdos culturais e a grande subversão temática através de tórridas cenas de sexo hétero ou homossexual, mas o filme tem seu valor. Almodóvar ainda se utiliza de uma estética característica e um roteiro que, apesar de estar longe de sua fase mais inspirada, ainda se mantém em constantes reviravoltas e coincidências que não caem num conjunto de fatores inverossímeis. Ou, pelo menos, não percebemos que isso acontece de uma maneira até mesmo indiscreta.

O cineasta Mateo Blanco (Lluís Homar) é um homem solitário (mesmo que a cena inicial tenha ele conquistando uma desconhecida). Após um acidente que lhe custou a perda da visão, ele acredita que Mateo morreu e então passa a usar o pseudônimo de Harry Caine em seus escritos. Sob os cuidados de sua agente Judit (Blanca Portillo) e o filho dela, Diego (Tamar Novas), ele descobre através do jornal que o importante economista Ernesto Martel (José Luis Goméz) está morto. Isso faz com que ele repasse suas lembranças de 14 anos atrás, quando dirigiu um filme produzido por Martel e protagonizado pela mulher do economista agora morto, Lena (Penélope Cruz). Nos dias atuais, ele é procurado por Ray X (Rubén Ochandiano), que na verdade se chama Ernesto Martel Jr., com a intenção de filmar junto com Mateo uma história que fizesse jus ao seu passado ainda pouco revelado.

A característica noir é o que tem de mais evidente em "Abraços Partidos", seguindo uma atmosfera melodramática que se inquieta e por vezes quer retornar ao drama convencional de Almodóvar. Como dito, não se trata de um filme que tem por unanimidade a consideração da crítica e, principalmente, por seus fãs como sendo um de seus melhores trabalhos. Longe disso. Almodóvar certamente não se importa em corresponder expectativas em cada novo trabalho. Aqui, por exemplo, ele lança um ponto de vista bem particular e faz uso até mesmo de auto-referências para elucidar a importância do cinema.

Mateo Blanco é possivelmente um alterego do diretor, e sua cinefilia está marcada até mesmo na escolha de seu pseudônimo. A metalinguagem é inserida no filme fictício "Garotas e Malas", que tem suas semelhanças com "Mulheres a Beira de Um Ataque de Nervos", uma das principais obras de Almodóvar, de 1988.

Além disso, o drama que insiste em cair no melodrama (e é justamente isso que mais incomoda) também é um elemento usado para fazer parte de uma sucessão de fatos que irão culminar em tragédias emocionais. E esse tipo de tragédia é certamente a mais dolorosa e, sendo bem construída, terá o êxito de conseguir a principal meta de tantos cineastas com o mínimo de talento: a consternação de quem os assiste.

O elenco é admirável. Muitos dos atores nos traz aquela sensação de “já vi esse rosto em tantos outros filmes espanhóis, ou mesmo nos filmes do próprio Almodóvar”. Penélope Cruz - a musa da vez – é fantástica quando atua em sua língua materna. Já não posso dizer o mesmo quando a vejo com um esforço penoso em se dar bem em produções americanas.

O que não condiz com o conjunto da história é certamente alguns momentos que nos remetem diretamente aos dramalhões mexicanos e seus artifícios, como a queda não-acidental de uma escada ou uma confissão que deveria ser feita há anos atrás. Não obstante, Pedro Almodóvar é feliz em nos conceder um filme que possui uma carga tão grande de sentimentos sem parecer que isso fuja completamente de sua respeitosa filmografia. O que não é um grande elogio para "Abraços Partidos", tendo em vista o nome de Almodóvar nos créditos principais.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Mary & Max - Uma Amizade Diferente [2009]


(de Adam Elliot. Mary and Max, Austrália, 2009) Com vozes de Toni Collette, Philip Seymour Hoffman, Eric Bana, Barry Humphries, Bethany Whitmore. Cotação: *****

Filmes desenvolvidos com a técnica de stop-motion devem ser respeitados, acima de tudo, pela trabalhosa produção e o tempo destinado para a finalização de um único projeto. "Mary & Max", por exemplo, foi um projeto encaminhado por longos cinco anos pelo diretor e também roteirista do filme, Adam Elliot. Ele, que já tem uma carreira significativa em animações de curta metragem, tendo ganhado prêmios no Anima Mundi e um Oscar em 2003 por "Harvey Krumpet", seu curta de 22 minutos, fez de "Mary & Max" o seu primeiro longa metragem que traz muitos dos elementos característicos de seus trabalhos anteriores juntos numa história vivenciada por ele mesmo.

Mary Daisy Dinkle é uma garota de apenas 8 anos que mora no subúrbio de Melbourne Mount Waverleym, na Austrália. Sofre pela ausência do pai e a negligência de sua mãe depressiva e alcoólica, além do fato de ser rejeitada pelos colegas de escola, tendo que fabricar seus próprios brinquedos e assistir seu programa preferido em companhia de seu galo de estimação. Curiosa, ela escolhe aleatoriamente um nome americano numa lista telefônica e manda uma carta para perguntar de onde nascem os bebês nos Estados Unidos, além de oferecer sua amizade. A epistola é recebida por Max Jerry Horowitz, um ex-judeu (agora ateu) que sofre de obesidade e vive recluso em seu apartamento por ter dificuldades de se encaixar no mundo, que ele considera incompreensível.

Dessa relação por correspondência, nasce uma amizade intercontinental entre os dois que perdura por vários anos. Eles dividem a solidão que sentem, a falta de comunicação com o mundo que os cercam, o amor por chocolates, The Noblets (a animação de TV que eles assistem) e a carência. A narração da história é acompanhada por um irresistível humor visual, que garante à "Mary & Max" um título de tragicomédia. Seria incorreto atribuir ao filme um direcionamento infantil, pois a temática aqui é levantar questões que por vezes não são recomendadas às crianças não familiarizadas com citações como prostituição, preservativos, sexo, suicídio, alcoolismo, etc.

"Mary & Max" é profundamente melancólico. Os protagonistas aprendem de forma gradativa o conhecimento não só de si mesmos, como do outro. Isso em uma relação não presencial é algo não tão simples, ainda mais quando surgem discussões filosóficas sobre o amor, perdão, os tipos de pessoas que convivem entre si, depressão e vaidade. Mesmo com essas questões e a densidade do roteiro, tudo é abordado de forma ingênua, até porque se trata, antes de qualquer coisa, de uma animação, embora tenha sua cota de obscuridade. A fotografia diferencia os ambientes. Na Austrália, o tom sépia inunda o mundo de Mary e seus óculos garrafais, ao passo que a Nova York de Max é praticamente incolor. O que mais desejamos é a junção entre essas duas cores, que possivelmente tornará tudo mais singelo.

Com esses cuidados visuais e um roteiro que prima pela suas abordagens, "Mary & Max" se torna um filme extremamente profundo. Em certo momento, Max explica a pequena Mary seu problema patológico, Síndrome de Asperger. O caso é explicado por ele próprio através de conexões bem infantilóides, e consequetemente encantador pela simplicidade da obra, mesmo que insista em seus pontos polêmicos. A inscrição de “história real” tem fundamento. O roteiro foi baseado (livremente, é claro) pelo próprio Adam Elliot, que trocou correspondência por anos com um senhor que também sofria de Asperger. Ou seja, Mary funciona como alter-ego de seu criador.

"Mary & Max" é uma “animação desanimada” para gente grande saber o que é, de fato, a relação humana e suas peculiaridades.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Interiores [1978]


(de Woody Allen. Interiors, EUA, 1978) Com Geraldine Page, Diane Keaton, Mary Beth Hurt, Kristin Griffith, Sam Waterston, Richard Jordan, E.G. Marshall, Maureen Stapleton. Cotação: ***

O que faz de Woody Allen um cineasta completo talvez seja a sua forma de ousar em classificações de gêneros em seus filmes. Conhecido principalmente pelas suas obras de humor requintado ou até mesmo nosense, Allen demonstra em vários pontos de sua filmografia que se aventurar em novas abordagens de sua criatividade inquietante sempre resulta em uma boa surpresa. Por isso, ao ver "Interiores" – conhecido como o seu primeiro drama – pude admirar ainda mais o trabalho de um profissional que zela pela arte acima de quaisquer rotulações que poderia confrontar-se.

Quando Arthur (E.G. Marshall) decide se separar de Eve (Geraldine Page), mal ele sabia que estaria causando abalos estruturais em sua família. A própria esposa não recebe bem a notícia, entrando em depressão. Isso preocupa as filhas do casal. Renata (Diane Keaton), a mais velha, acaba por sofrer um bloqueio de criatividade frente à situação de seus pais. Poetisa de sucesso, ela está sempre encorajando sua mãe, suas irmãs e seu marido, um crítico que se sente fracassado. Flyn (Kristin Grifith), a filha do meio, é uma atriz de sucesso que pouco vê sua família por estar sempre em viagens de trabalho. E a caçula Joey (Mary Beth Hurt), vê com mais realismo (ou pessimismo) que os acontecimentos com sua família a levaram para uma análise existencialista de si mesma, que trazem ainda mais questões sobre sua relação interfamiliar. A situação se agrava quando o pai delas resolve se casar com a recém conhecida Pearl (Maureen Stapleton).

Eu particularmente não considero "Interiores" como “o primeiro filme sério de Woody Allen”, mas por um motivo particular. Em todas as suas comédias – umas mais, outras menos - tendem a trazer elementos que também têm seus tons de seriedade, de certa forma. Os tratos de várias questões filosóficas em "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", por exemplo, não o torna menos sério do que este. Seria mais apropriado, portanto, dizer que "Interiores" é essencialmente um drama sob uma ótica inovadora de Allen, o que é mais próximo de sua pretensão. Com claras referências de Ingmar Bergman (a quem Woody é fã assumido), o filme traz a tona uma tristeza muitas vezes incômoda por estar sempre alternando dramas particulares com uma visão cada vez mais intimista.

Ele recorta uma família burguesa marcadamente intelectual e a isola para um foco bem restrito. Não vemos outros personagens senão aquelas pessoas, quase sempre em cômodos de suas casas, vivendo numa situação depressiva que culmina nas mais diversas situações. Fechados emocionalmente, os personagens passam a discutir cada vez mais, porém de uma forma nada digestiva. As discussões de relação são confessas, e a vontade que temos é de não querer testemunhar aqueles momentos, tamanha a carga dramática. Isso é um ponto importante para que um bom drama familiar funcione. E o tratamento dado pelo fotógrafo Gordon Willis de maneira tão fria colabora para esse clima.

Como sempre, podemos traçar o que deixa Woody Allen inquieto através de seus filmes. Aqui, o que mais aparece é a força que tem a criatividade (ou a falta dela) em um artista que se cobra, se pressiona. Cada vez mais reconhecido pelo seu trabalho (havia sido muito elogiado e premiado pelo seu filme anterior), Allen busca justificar seus receios de não ser bem compreendido, e por conta disso, não ser aceito artisticamente. Há também uma clara discussão sobre as visões teóricas de Freud numa discussão entre Joey e a personagem de Geraldine Page. Ela, aliás, demonstra toda a sua capacidade em um trabalho magnífico, juntamente com Maureen Stapleton - ambas foram indicadas ao Oscar de Atriz e Atriz Coadjuvante, respectivamente.

É um drama tão intelectual, que seus personagens chegam a ser pedantes. Mas o bom encaminhamento de Allen, as atuações femininas de destaque e os tratos técnicos fazem de "Interiores" um drama muito bem conduzido.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Segredo dos Seus Olhos [2009]


(de Juan José Campanella. El Secreto De Sus Ojos, Argentina, 2009) Com Ricardo Darín, Soledad Villamil, Carla Quevedo, Pablo Rago, Javier Godino, Guillermo Francella. Cotação: *****

Não saberia dizer se o cinema brasileiro representa as melhores produções da América Latina. Sem querer desmerecer os outros países, nosso cinema só estaria sob risco desse título com apenas um país do nosso continente: o argentino. Tangos, cabarés e perseguições políticas a parte (e por que não dizer futebol?), nossos hermanos argentinos conseguem nos presentear com filmes que podem ser um verdadeiro convite às emoções humanas. E mais uma parceria entre o diretor Juan José Campanella e o ator Ricardo Darín resultou em um filme marcante.

O defensor público aposentado Benjamín Espósito (Ricardo Darín) encontra uma forma de utilizar melhor de seu tempo ocioso: escrever um livro. Com dificuldades no processo de criação, ele resolve relatar em forma de romance um crime que ele acompanhou de perto em 1974, no qual uma jovem de 23 anos é estuprada e assassinada. Na época, Benjamín compromete-se com o marido da vítima, Ricardo Morales (Pablo Rago), dizendo que iria conseguir prender o homicida. Para isso, ele conta com a ajuda de seu comparsa Pablo Sandoval (Guillermo Francella) e sua superiora Irene (Soledad Villamil), a quem ele nutre uma paixão secreta.

Contado em duas narrativas paralelas, em uma nós acompanhamos o thriller policial estudando o crime. Na outra, já nos dias de hoje, o solitário Benjamín busca através de suas memórias remoer as questões que ele deixou passar, os erros que cometeu no ano em que ele jamais esqueceu e que o fez ficar numa vida que, para ele, é uma eterna solidão. O problema do protagonista se resume basicamente em deixar-se comunicar com olhares, até mesmo os calando. Anos depois, a pergunta que o incomoda tanto é “Como se viver uma vida cheia de nada?”

O trabalho de direção de Juan José Campanella se mostra com uma mão pesadamente profissional, apesar dos momentos de desfoques desnecessários. O plano sequência onde o foragido é capturado após uma perseguição empolgante no estádio Racing (no fervor de uma partida de futebol) já é histórica. O elenco se encontra perfeitamente aliado à temática do longa. O comediante Guillermo Francella consegue se adequar muito bem ao viés dramático. Onde o filme peca nitidamente é na maquiagem forçada dos atores que precisam a todo momento representar um intervalo de 25 anos entre as os dois núcleos do filme.

"O Segredo dos Seus Olhos" é inegavelmente um filme que quer ser grande. O roteiro é adaptado pelo próprio Campanella a partir do livro homônimo de Eduardo Sacheri, e pretende entrar nos moldes de um drama elogiado e ao mesmo tempo lucrativo. E conseguiu. O filme foi o grande vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010, desbancado o favoritismo de "A Fita Branca". E é o filme mais visto na Argentina, quebrando um recorde de 35 anos.

Ser artisticamente bem feito e ser sucesso de público são feitos reservados a poucas obras de qualidades inegáveis, e "O Segredo dos Seus Olhos" tem merecidamente esse privilégio.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Igualdade é Branca [1994]


(de Krzysztof Kieślowski. Trzy kolory: Bialy, Polônia / França, 1994) Com Zbigniew Zamachowski, Julie Delpy, Janusz Gajos, Jerzy Stuhr. Cotação: ****

Segunda parte da Trilogia das Cores, de Krzysztof Kieślowski, na qual ele faz uma belíssima homenagem às cores da bandeira e dos ideais da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), "A Igualdade é Branca" tem o ingrato reconhecimento de ser o mais fraco segundo os críticos e os fãs da trilogia. Isso não é necessariamente um demérito. Afinal, Kieślowski, mesmo lançando algo abaixo da obra anterior ("A Liberdade é Azul") e posterior ("A Fraternidade é Vermelha"), ainda está bem acima de muitas outras grandes obras do cinema lírico. E por uma razão simples: saber transpor por meio de imagens uma gama de sentimentos não verbalizados.

O filme narra o declínio e ascensão de Karol Karol (Zbigniew Zamachowski), um polonês que passa por um doloroso divórcio com a parisiense Dominique (Julie Delpy), que alega não consumação do casamento. Por conta disso, ele fica sem teto e dinheiro, sendo obrigado a viver no metrô de Paris. Até que conhece seu conterrâneo Mikolaj (Jerzy Stuhr) que o ajuda a voltar para sua terra natal. Em Varsóvia, ele aproveita o mercado vulnerável da Polônia pós-comunista para ganhar seu dinheiro e assim planejar sua vingança contra Dominique.

Assim como nos outros dois filmes, o diretor propõe a tarefa de fazer algo que para muitos é algo inimaginável: dar consistência a um conceito abstrato. A nossa parte é decifrar como o tema é trabalhado no filme estética e tematicamente. Permeando todo o filme, a tonalidade branca nos assalta continuamente. No busto que o protagonista rouba de uma vitrine, num vestido de noiva, no céu sempre branco da Polônia coberta de neve, ou até mesmo em clarões mais evidentes. E a Igualdade é outro conceito muito difuso e igualmente muito bem tematizado pelo filme. O que Karol busca é o nível de igualdade em relação à sua ex-esposa, mesmo que para tal, a vida o cobre os mais profundos recursos sentimentais.

Outro embarque que pode ser muito prazeroso é conseguir buscar em cenas os pontos que ligam o filme aos outros da trilogia. É possível ver Juliette Binoche entrar no fórum da mesma forma que a vimos em "A Liberdade é Azul", assim como a velhinha que sempre tenta jogar uma garrafa no tonel de lixo. As metáforas, é claro, estão aqui. E assim como nos "Decálogos", as metáforas se torna uma presença marcante, dada a importância de suas interpretações. A presença dos pombos tem as funções de representar a liberdade e apontar a presença de Karol num ponto abaixo da humanidade quando uma das aves defeca nele. E sua impotência sexual quando reside em Paris demonstra o contexto econômico e a visibilidade da França perante a Europa.

As falhas poderiam estar nas nuances da história. Ao optar por mostrar a personagem de Domique apenas na introdução e no desfecho do filme, Kieślowski lança uma áurea misógina que se mantém, e descarta a possibilidade de trabalhar com uma personagem até interessante. A escolha de trabalhar um protagonista masculino também se mostra desafiadora, pois sentimentos são menos esboçados em relação às mulheres, mas o ator Zbigniew Zamachowski não foi poupado e mostrou um belíssimo trabalho ao apresentar a gradação emotiva de Karol. E emotividade é justamente o que tem de melhor lapidado em um trabalho que cabe um verdadeiro estudo sobre a dinâmica entre o homem e sua alma.